Índice
Prefácio
Capítulo 1
O Caráter de Deus
Capítulo 2
A Justiça
O abuso humano
A Justiça de Deus rejeitada pelos judeus
Capítulo 3
A Justiça de Deus
A justiça de Deus através dos tempos
Como se aplica a justiça de Deus no cristão
Capítulo 4
A Verdade
Prefácio
Há
um profundo contraste entre o Deus
Criador,
Justo e Santo, e o homem ímpio, errante. Que maravilha
quando
um pecador pode contemplar a revelação que o próprio
Deus
faz de Si mesmo! O salmista Davi, descrevendo a
benignidade
divina, declara:
"A
Tua justiça é como as montanhas de Deus; os Teus
juízos,
como um abismo profundo. Tu, SENHOR, preservas os
homens
e os animais. Como é preciosa, ó Deus, a Tua benignidade!
Por
isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das Tuas
asas”
(Salmos 36.6,7).
Fidelidade,
misericórdia, justiça, retidão e juízo fazem
parte
do caráter de Deus e da integridade do Seu amor. Baseado
na
Sua justiça e no Seu caráter, e desejoso de que cada
pastor,
evangelista, obreiro e missionário passem a refletir
o
mesmo caráter, como cristãos autênticos, é que o bispo Macedo
escreveu
a Série Caráter de Deus.
Com
muita propriedade, ele fundamenta as suas
mensagens
nas experiências vividas no dia a dia na Obra de
Deus,
e procura levar o leitor a um profundo reconhecimento da
"justiça"
humana e da excelsa justiça divina.
O
que é a justiça de Deus? De que maneira ela se aplica em relação
aos cristãos? Estes e outros questionamentos
são
esclarecidos pelo o autor em numa linguagem simples, sempre levando o
leitor
a sentir a grandiosidade do Seu amor e da Sua justiça.
Lembrando
a vida dos juízes, símbolos da justiça divina entre homens nos
primeiros
300 anos da história de Israel, o Bispo Macedo destaca que eles eram
ungidos para fazer
justiça
e, assim, promover entre o povo judeu um caráter
disciplinado
e o respeito mútuo entre os cidadãos e suas tribos.
Hoje,
conforme salienta, Deus tem também os Seus juízes na Terra, os
quais,
imbuídos
de autoridade pelo próprio Senhor Jesus, e ungidos
pelo
Espírito Santo, procuram levar aos povos a Sua justiça,
através
da fé. E lembra as palavras do apóstolo Paulo, em sua primeira
carta aos cristãos da cidade de Corinto:
“ A
uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo
lugar,
profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de
milagres;
depois, dons de curar, socorros, governos, variedades
de
línguas. "
1
Coríntios 12.28
Que
o prezado leitor saiba aproveitar as palavras de ensino,
vida
e sabedoria contidas neste livro, para o enriquecimento
de
sua vida espiritual, e para que receba também as bênçãos
decorrentes
da justiça divina.
Os
editores
"E
Eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que
João; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele. Todo o povo
que o ouviu a até os publicanos reconheceram a justiça de Deus,
tendo sido batizados com o batismo de João."
Lucas
7.28,29
Capítulo
1
O
Caráter de Deus
O
Senhor Jesus, a fim de fazer com que os Seus seguidores pudessem
compreender a natureza do Criador, em simples palavras lhes revelou
todo o caráter de Deus:
"São
os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons,
todo
o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem
maus,
todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz
que
em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!"
(Mateus
6.22,23).
Assim
como os olhos são a lâmpada do corpo, também "O espírito
do
homem é a lâmpada do SENHOR, a qual esquadrinha todo o mais
íntimo
do corpo" (Provérbios 20.27). Ora, da mesma forma pela qual
o
espírito do homem revela para Deus o seu íntimo, também os seus
olhos
revelam exteriormente o seu caráter, o que ele
tem
dentro de si.
Torna-se
fácil saber o que está acontecendo com uma
pessoa
quando se olha no fundo dos seus olhos. Se ela tem
alguma
coisa oculta no seu interior, naturalmente procura
desviá-los,
revelando inconscientemente sua preocupação. Se,
por
outro lado, ela encara e não se intimida perante o outro, então os
seus
olhos
logo refletem a sua tranquilidade, por não estar
escondendo
nada.
Aliás,
apenas como curiosidade, dizem os biólogos e pesquisadores
que
há uma raça de urubus que somente comem
a
carniça depois que o urubu-rei, começando pela análise dos
olhos
do animal morto, liberar o corpo.
Quando
o Senhor Jesus ensinou aos Seus discípulos daquela maneira,
certamente
queria exortá-los a tomarem todo o
cuidado
possível com o seu interior, a fim de que este refletisse
no
exterior a plenitude da presença de Deus.
Sim,
porque não
adianta
anunciarmos a Palavra de Deus ao mundo apenas
teoricamente,
e vivermos uma vida diferente daquilo que
pregamos.
É
preciso que tenhamos atitudes semelhantes às do
nosso
Senhor, pois de que vale pregarmos a Cristo e vivermos o
anticristo?
De
que vale manifestarmos amabilidade e simpatia
no
púlpito, se quando descemos dele, ou saímos da Igreja,
mudamos
nossas atitudes?
Não
podemos ser como o camaleão, que muda de cor
conforme
o ambiente em que se encontra.
Nossos
olhos
retratam
toda a nossa intimidade, o que está no coração, ainda
que
a boca esteja calada. Eles não apenas revelam o nosso
caráter
aos outros, mas também nos fazem ver as coisas de
acordo
com o que temos no coração.
Observemos
os olhos de Deus, na Pessoa do Seu Filho, o
Senhor
Jesus, quando Ele encontrou Maria Madalena, da qual dizem ter sido
prostituta.
Se
os seus olhos fossem maus, certamente Ele a condenaria,
repreenderia
e chamaria a sua atenção, apenas para que ela não
agisse
daquela maneira. Ele, entretanto, compreendeu-a porque
olhou
para ela com bons olhos, os olhos de amor, ternura e
compaixão.
Ela,
a exemplo de tantos outros que têm sido vistos pelo Mestre, também
possuía o lado bom, isto é, as suas qualidades. E é assim que
nós,
cristãos, devemos cultivar o nosso interior: fazê-lo
se
acostumar a ver as pessoas, quer sejam cristãs ou contrárias
à
fé, pelo seu lado bom, com "bons olhos", para que
todo
o nosso interior seja iluminado.
Se
olharmos as pessoas com preconceito, é certo que,
mais
cedo ou mais tarde, a nossa língua, que vive a coçar, irá se
manifestar
e acabará por provocar uma inimizade com
aquela
pessoa, chegando até a "vaciná-la" contra o Senhor
Jesus,
em Quem nós tanto cremos.
Se
os nossos olhos forem bons, por onde quer que
formos
haveremos de manifestar a luz que há em nós, e todos
os
que nos virem saberão que somos diferentes das demais
pessoas
deste mundo, pois estaremos testemunhando de modo eficaz
a
respeito d'Aquele que está em nós!
Do
modo como vemos, seremos vistos; como julgarmos,
seremos
julgados; se amarmos, seremos amados; se perdoarmos,
seremos
perdoados; se abençoarmos, seremos abençoados!
"Mas,
se a nossa injustiça traz a lume a justiça de Deus, que diremos?
Porventura,
será Deus injusto por aplicar a sua ira? (Falo como homem.)
Certo
que não. Do contrário, como julgará Deus o mundo?
E,
se por causa da minha mentira, fica em relevo a verdade
de
Deus para a sua glória, por que sou eu ainda
condenado
como pecador?" (Romanos 3.5-7).
Capítulo
2
A
justiça
A
justiça é a virtude moral que inspira o respeito dos
direitos
de outrem, e que faz dar a cada um o que lhe pertence.
Ela
revela o que é absolutamente correto, íntegro e verdadeiro, e
jamais
pode se desviar, ainda que seja por uma insignificância,
quer
para a direita, quer para a esquerda, pois se isto acontecer,
então,
mais tarde, será verificado o quão longe da verdade se
coloca.
Se
hoje, por exemplo, tomamos uma decisão de juízo e
cometemos
um mínimo de injustiça, certamente amanhã
constataremos
o estrago de todo o resto de justiça exercido. Quer
dizer,
muitas vezes uma injustiça, por menor que seja, atingindo
uma
parte, prejudica grandemente o todo.
Quando
se propõe uma justiça dentro do parâmetro da perfeição
do
que é direito, correto ou legal, só se pode encontrar
exclusividade
de justiça perfeitamente justa e imparcial no
próprio
Deus, que é a personificação da justiça.
De
fato, se o ser humano desejar encontrar uma definição
própria
para o Senhor, quer seja pelo Seu caráter, mostrado
pelas
Suas ações desde a criação do mundo até o Apocalipse,
quer
pelas próprias experiências com Ele, sem dúvida
alguma
começará pela Sua justiça.
O
ABUSO HUMANO
O
ser humano em muito tem abusado do amor de
Deus,
da Sua paciência e da Sua compaixão, e talvez por isso mesmo
tem
omitido a mensagem do Evangelho, negando a fé total no
Senhor
Jesus Cristo e se afastando de Deus.
Creio
que, no fundo, as pessoas acreditam que a misericórdia
divina
abafará todos os seus erros e pecados. Acham que Deus não terá
coragem
de lançar os filhos desobedientes no lago de fogo.
Apoiando-se
nas Suas misericórdias, esquecem
que
Ele, antes de ser amor, misericórdia, bondade etc., é justiça; e
por força
da
própria justiça ficará impedido de justificar a todos. Até
porque
Ele não poderá permitir que o injusto receba o mesmo tratamento
que
o justo; que aqueles que deram a vida por
causa
da fé cristã vivam a eternidade com aqueles que lhes
tiraram
a vida.
Bem,
o certo é que aqueles que pensam dessa forma
desconhecem
a Palavra de Deus, que afirma:
"Porque
o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça,
e paz, e alegria no Espírito Santo"
(Romanos
14.17).
Quer
dizer: a paz e a alegria não poderiam existir no Reino
de
Deus sem que houvesse a justiça, pois aquelas dependem
diretamente
desta.
A
JUSTIÇA DE DEUS REJEITADA PELOS JUDEUS
O
apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos da cidade
de
Roma, deixou uma questão bem clara:
"Irmãos,
a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus
a
favor deles são para que sejam salvos. Porque lhes dou testemunho de
que
eles
têm zelo por Deus, porém não com entendimento. Porquanto,
desconhecendo
a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua
própria,
não se sujeitaram à que vem de Deus. Porque o fim da lei
é
Cristo, para justiça de todo aquele que crê."
Romanos
10.1-4
Ora,
o que significa isto senão que os judeus, desconhecendo a justiça
de
Deus,
muito embora com muito zelo e cuidado, têm procurado guardar
toda
a Lei que Moisés lhes deu, sem conseguirem
cumpri-la
toda.
Eles
perderam a visão dos propósitos de Deus
com
respeito à justificação pela fé no Senhor Jesus Cristo,
pois
está escrito: "Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele;
mas
o justo viverá pela sua fé" (Habacuque 2.4). E ainda:
"E
é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de
Deus,
porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas:
Aquele
que observar os seus preceitos por eles viverá”
(Gálatas
3.11,12).
Mas,
pergunto eu, qual foi o judeu que, durante toda a
sua
carreira aqui na Terra, conseguiu cumprir toda a Lei? É certo
que
se alguém conseguisse cumprir todos os preceitos
da
Lei, mas falhasse em apenas um, já não seria justificado diante de
Deus.
Esta
é a principal razão
pela
qual o Senhor Jesus veio ao mundo, a fim de que cumprisse
toda
a Lei e assim pudesse servir como Salvador da
humanidade,
conforme está escrito:
"Cristo
nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
Ele
próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito
todo aquele que for
pendurado
em madeiro), para que a bênção de
Abraão
chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos,
pela fé,
o
Espírito prometido."
Gálatas
3.13,14
Os
judeus sinceros querem ser justificados diante de
Deus,
mas cometem um grave erro, porque desejam isto pela
obediência
à sua lei religiosa, esquecendo-se de que, mediante a Lei ninguém
foi,
é ou será justificado.
Como
exemplo, temos o próprio pai da nação de Israel:
"E
se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e
isso
lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus."
Tiago
2.23
Diante
do exposto, há que se perguntar: quais foram,
então,
os propósitos da Lei? Ora, ela serviu de freio para os
pecados
mais grosseiros, conforme o apóstolo Paulo
explicou
na sua primeira carta a Timóteo:
"Tendo
em vista que não se promulga lei para quem é
justo,
mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e
pecadores,
ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas,
impuros,
sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e
para
tudo quanto se opõe à sã doutrina."
1
Timóteo 1.9,10
A
lei também mostra o pecado de todos os homens,
como
está escrito:
"Visto
que ninguém será justificado diante d'Ele por
obras
da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento
do
pecado"
(Romanos
3.20).
Além
de tudo, a Lei é uma clara demonstração da
justiça
de Deus para com os homens, servindo como base dos
próprios
códigos de Direito adotados pela raça humana.
Infelizmente,
o mesmo espírito judeu tem-se aplicado
também
àqueles que se consideram cristãos e não o são,
pois
absorvem mais os mandamentos e preceitos humanos do
que
propriamente a Palavra de Deus. Estão mais
preocupados
com o zelo de suas tradições religiosas do que em
abraçar
a pureza da fé no Senhor Jesus e nas Suas promessas.
Por
isso mesmo tais pessoas não se opõem a qualquer imposição
sacrificial
ou penitência, por acharem que essas práticas trazem
a
justiça ou méritos da parte de Deus para com elas. Acreditam
mais
em suas obras de caridade do que na Sua graça pela fé.
Tudo
isso é compreensível, pois que lhes tem sido negado
o
conhecimento da Verdade,
através
das Escrituras Sagradas.
E
as lideranças religiosas estão fazendo questão disso, porque assim
sendo
podem controlar suas mentes, para
fazerem
aquilo que desejam os seus maus instintos cobiçosos.
Haja
vista que enquanto as pessoas leigas desconhecerem as verdades
eternas,
elas continuarão comprando toda sorte de quinquilharias
religiosas,
enchendo assim os bolsos daqueles que lhes impõem
filosofias
baratas.
Uma
ocasião o Senhor Jesus propôs uma parábola
para
pessoas deste jaez, ou seja, desta espécie:
"Propôs
também esta parábola a alguns que confiavam
em
si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros:
Dois
homens subiram ao templo com o propósito de orar: um
fariseu,
e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si
para
si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças Te dou porque
não
sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros,
nem
ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e
dou
o dízimo de tudo quanto ganho.
O
publicano, estando em pé, longe, não ousava nem
ainda
levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó
Deus,
sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu
justificado
para sua casa, e não aquele; porque todo o que se
exalta
será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado. "
Lucas
18.9-14
Tal
parábola surte o efeito esperado para o que se
propõe
este estudo sobre a justiça de Deus, pela fé, e a justiça
humana,
pelas obrigações religiosas.
O
publicano, isto é, coletor de impostos, representa a justiça
de
Deus pela fé, pura e simplesmente; o fariseu,
que
era um religioso erudito, praticante da Lei e, aos seus próprios
olhos,
justificado
pelos seus próprios esforços religiosos apresenta-se
como
merecedor de todas as bênçãos de Deus, através de suas
caridades.
Este
representa uma determinada classe de
hipócritas
religiosos, que arregalavam os olhos para as suas
próprias
supostas perfeições, mas que só tinham pensamentos contrários
à
misericórdia e à graça de Deus, através da fé no Salvador,
Jesus
Cristo.
Capítulo
3
A
justiça de Deus
Se
pudéssemos registrar em ordem cronológica as atribuições ou
qualificações
de Deus, certamente teríamos de considerar, em
primeiro
lugar, Deus, o Senhor da Justiça. A própria Escritura
aponta
a base do Seu Trono de:
“Justiça
e direito são o fundamento do teu trono; graça
e
verdade Te precedem” (Salmos
89.14).
Todo
aquele que leu ou lê a Bíblia Sagrada, de Gênesis a
Apocalipse,
pode sentir a maneira pela qual Deus faz o Seu
julgamento,
ou seja, como Ele opera nas Suas ações e reações
para
com a Sua criatura, e em tudo isso pode-se constatar um
Senhor
perfeitamente justo na Sua maneira de ser e agir.
Ele
é um Deus justo e, por isso mesmo, odeia a injustiça,
assim
também como nós a odiamos. Aliás, no plano amoroso de
Deus,
acreditamos ser esta a razão principal por que muitos têm
a
oportunidade de serem salvos.
Devido
ao fato de Deus odiar a
injustiça,
e de ter fome e sede de justiça, o Senhor Jesus disse:
"Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça,
porque
serão fartos " (Mateus 5.6).
Somente
aqueles que têm o caráter voltado à justiça é
que
são fartos, e esta fartura é exatamente a salvação pela fé no
Senhor
Jesus Cristo.
A
JUSTIÇA DE DEUS ATRAVÉS DOS TEMPOS
Deus
é justo, e é isto que o povo de Israel
compreendia
como a Sua maior diferença em relação aos falsos
deuses
dos outros povos.
E
Ele sempre usou homens cheios de fé, tementes e
corretos
no seu caráter, para manifestar a Sua justiça para com
eles.
Depois
da morte de Josué, durante os primeiros 300 anos
em
Israel, Deus suscitou cerca de 13 juízes para julgarem o Seu
povo,
porque "Naqueles dias, não havia rei em
Israel: cada um
fazia
o que achava mais reto" (Juízes 21.25).
Estes
juízes eram ungidos para fazer justiça e, assim,
promover
entre o povo judeu um caráter disciplinado e o respeito
mútuo
entre os cidadãos e suas tribos, com a finalidade de
encaminhá-los
a Deus. Aqui vemos uma característica
importante
da verdadeira justiça: a aplicação de uma disciplina
que
reflita o caráter divino.
Depois
vieram os reis que, também ungidos, eram
considerados
juízes de toda a nação de Israel. Dentre eles se
destaca
Davi, um homem “segundo o coração de
Deus”
(Atos 13.22).
Hoje,
Deus tem também os Seus juízes na Terra, os quais,
imbuídos
de autoridade pelo próprio Senhor Jesus,
e
ungidos pelo Espírito Santo, procuram levar aos povos a Sua justiça,
através
da fé, de acordo com a Palavra de Deus.
O
apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos da cidade de Corinto,
explicou
de que maneira o Senhor agiu, com vistas à
implantação
do Seu Reino entre os homens:
“A
uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em
segundo
lugar profetas; em terceiro lugar, mestres; depois operadores
de
milagres; depois, dons de curar, socorros, governos,
variedades
de línguas” (1 Coríntios 12.28).
COMO
SE APLICA A JUSTIÇA DE DEUS NO CRISTÃO
Este
é um dos pontos mais controvertidos na vida cristã,
não
porque Deus Se mantenha omisso em relação às injustiças
promovidas
contra
o Seu povo, por parte dos não cristãos ou dos próprios
cristãos,
absolutamente.
A
verdade é que ao se ver
injustiçado,
o cristão, se ele não tem o caráter de Cristo,
logo
procura, pelos seus próprios meios ou recursos,
tomar
atitudes concernentes ao seu próprio caráter, isto é,
defendendo-se
“com unhas e dentes”, observando sua própria
justiça,
ou, pior ainda, pagando a injustiça com a injustiça. Ora,
o
Senhor Jesus nos ensinou:
"Eu,
porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te
ferir na
face
direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar
contigo
e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te
obrigar
a andar uma milha, vai com ele duas" (Mateus 5.39-41).
E
o que significa isto senão que devemos compreender
as
injustiças, uma vez que é nelas, e por meio delas, que sofremos
e
somos provados? Se desejamos conhecer o caráter verdadeiro
de
uma pessoa, devemos lhe observar, cuidadosamente, nos
momentos
da provação. O rei Davi disse:
“Fira-me
o justo, será isso mercê; repreenda-me, será
como
óleo sobre a minha cabeça, a qual não há de rejeitá-lo.
Continuarei
a orar enquanto os perversos praticam maldade”
(Salmos
141.5).
Se
quisermos ter um caráter de acordo com o de Davi,
“o
homem segundo o coração de Deus”, então aprendamos esta
lição:
a nossa causa esteve, está e sempre estará diante
dos
olhos do Deus Justo.
Se
alguém cometer alguma injustiça conosco, por mais
cruel
que ela seja, devemos confiar no nosso Justo Juiz, que mais
cedo
ou mais tarde fará com que a injustiça cometida contra
nós
se torne em justiça, e esta dará a vez ao gozo e à alegria de
termos
passado na provação.
Portanto,
jamais devemos nos defender com nossas
próprias
forças mediante qualquer ofensa; pelo contrário:
devemos
nos humilhar, confiando que o Justo Juiz defenderá a
nossa
causa e nos dará a vitória.
Se
procurarmos nos defender,
não
só estaremos deixando de lado o nosso Justo Juiz, mas
também
incorreremos no grande erro de manifestar o velho
homem,
corrupto e destinado ao fracasso total na vida cristã.
Para
o homem natural, é impossível ceder às injustiças
cometidas
contra ele, e até existem aqueles que afirmam
categoricamente:
"Pelos meus direitos eu vou até as últimas
consequências."
É
por isso mesmo que os cemitérios estão
cheios!
Quantos não perderam suas vidas defendendo
seus
direitos?
O
Senhor Jesus disse:
"Porque
vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos
escribas
e
fariseus, jamais entrareis no reino dos céus"
(Mateus
5.20).
Ora,
não é a nossa justiça a própria justiça de Deus?
Não
é o caráter divino que tem que fluir através de nós? Não
somos
o bom perfume de Cristo (2 Coríntios 2.15)?
A
luz do mundo (Mateus 5.14)? O sal da terra (Mateus 5.13?
Então,
como poderemos nos permitir perder a chance de fazer
exercer
em muito a justiça que vem do Senhor, diante dos escribas
e
fariseus?
Sabemos
de muitos cristãos, e até ministros de Deus,
cujas,
vidas jamais podem expressar o caráter do Senhor Jesus
Cristo.
Isto
porque jamais admitem perder, e não podendo
agredir
fisicamente quem os ofendeu, então o fazem com a
língua;
não podendo fazer pessoalmente, fazem pelas
costas,
criando assim animosidade na própria igreja. Para
estes
está escrito:
"Eu,
porém, vos digo que todo aquele que sem motivo
se
irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;
e
quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito
a
julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará
sujeito
ao inferno de fogo"
(Mateus
5.22).
Finalmente,
aprendamos que “...a justiça de Deus se revela
no
evangelho, de fé em fé, como está escrito:
0
justo viverá por fé”
(Romanos
1.17),
e
“todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se
retroceder, nele não
se
compraz a Minha alma”
(Hebreus
10.38).
Capítulo
4
A
verdade
A
verdade é a conformidade com o que é real ou exato.
Biblicamente,
o Senhor Jesus é a personificação da verdade,
conforme
Ele mesmo se autodefiniu:
“...Eu
sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem
ao
Pai senão por Mim”
(João
14.6).
A
verdade jamais pode ser escondida. Nem o tempo
consegue
encobri-la; é semelhante ao óleo na água: está sempre em
destaque,
não se mistura. Por um breve período de
tempo,
pode até acontecer que a verdade pareça ter
a
mesma substância de outros elementos nos
quais
esteja inserida; entretanto, mais cedo ou mais tarde,
flutua,
assume a sua posição e aparece.
O
próprio Senhor Jesus
afirmou:
"...nada
há encoberto, que não venha a ser revelado; nem
oculto,
que não venha a ser conhecido"
(Mateus
10.26).
Assim
é a verdade. Uma vez conhecida, não admite meio
termo.
Não existem meias verdades. Há até quem concorde que a
chamada
“meia verdade” muitas vezes é pior do que a mentira.
Todo
pecado está fundamentado na
omissão
da verdade. Normalmente, ao cometer um pecado, a
pessoa
de antemão já preparou uma mentira, a fim de escondê-lo.
Por
isso mesmo, o Senhor Jesus nos fez uma séria
advertência,
quando repreendeu os judeus dizendo:
“Vós
sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe
os
desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se
firmou
na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele
profere
mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso
e
pai da mentira”
(João
8.44).
Ora,
se o cristão tem o caráter de Deus, então a sua
palavra
é como a do seu Deus, isto é, a verdade. Mas se o cristão
anda
na mentira, então já não tem o caráter divino,
mas
diabólico, uma vez que satisfaz aos desejos de seu pai,
que
é o diabo.
A
verdade é como Deus: provém d'Ele e está no Seu
caráter.
Eis, então, a razão pela qual muitas vezes o
Senhor
Jesus usou a expressão "em verdade, em verdade vos
digo".
Por
outro lado, a mentira é como o diabo: provém
dele
e está
no
seu caráter. Eis o motivo por que a humanidade vive na
mentira,
satisfazendo assim ao seu imperador da mentira. O
Espírito
Santo declara:
“A
ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e
perversão
dos homens que detêm a verdade pela injustiça”
(Romanos
1.18).
"Pois
eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando
e
servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito
eternamente.
Amém!"
(Romanos
1.25).
A
verdade é também a base da armadura que Deus nos tem
outorgado,
a fim de vencermos os principados e as potestades
espirituais
do mal. Ela é a firmeza do caráter divino, onde estão
assentados
todos os demais componentes da armadura completa
de
Deus, conforme Efésios 6.14:
“Estai,
pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos
da
couraça da justiça.”
O
Senhor Jesus disse:
"Seja,
porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto
passar
vem do maligno"
(Mateus
5.37).
Naturalmente,
neste conselho está o âmago de uma
atitude
cristã genuína, pois há uma definição do
comportamento
do seguidor do Senhor Jesus Cristo.
É
óbvio
que
num mundo incrivelmente injusto, onde se procura
aparentar
algo que realmente não se é, a hipocrisia tem-se alastrado
até
mesmo dentro da Igreja, haja vista que as pessoas
estão
buscando a qualquer preço assumir posições de destaque,
sem
se preocuparem com a vida espiritual.
Por
isso,
fingem,
mentem, enganam, dizem “meias verdades”, enfim,
estão
sempre procurando uma maneira incorreta para alcançar
seus
objetivos.
Até
parecem aqueles estudantes que não se importam
com
os meios para passarem a um grau superior: desde que
consigam,
não se importam em "colar".
Infelizmente,
tenho visto candidatos a obreiros e a
pastores
se apresentarem com o ar mais sonso possível,
aparentando
santidade, mas com o íntimo cheios de engano.
Pensam
eles que o santo ministério é feito à base de engodo. E o
líder
espiritual, por ser uma pessoa semelhante a qualquer
outra,
pode facilmente se enganar e permitir que isso
aconteça;
entretanto, mais cedo ou mais tarde toda a
maledicência,
engano e mentira aparecerão.
Afinal,
o próprio
Senhor
já determinou:
"...nada
há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto,
que
não venha a ser conhecido" (Mateus 10.26).
Portanto,
segamos a Verdade, porque nela está a justiça de
Deus!
Fim
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