segunda-feira, 14 de março de 2016

Série Caráter de Deus 1 - O Caráter de DEUS


Índice

Prefácio

Capítulo 1

O Caráter de Deus


Capítulo 2

A Justiça

O abuso humano

A Justiça de Deus rejeitada pelos judeus


Capítulo 3

A Justiça de Deus

A justiça de Deus através dos tempos

Como se aplica a justiça de Deus no cristão


Capítulo 4

A Verdade


Prefácio

Há um profundo contraste entre o Deus
Criador, Justo e Santo, e o homem ímpio, errante. Que maravilha
quando um pecador pode contemplar a revelação que o próprio
Deus faz de Si mesmo! O salmista Davi, descrevendo a
benignidade divina, declara:

"A Tua justiça é como as montanhas de Deus; os Teus
juízos, como um abismo profundo. Tu, SENHOR, preservas os
homens e os animais. Como é preciosa, ó Deus, a Tua benignidade!
Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das Tuas
asas” (Salmos 36.6,7).

Fidelidade, misericórdia, justiça, retidão e juízo fazem
parte do caráter de Deus e da integridade do Seu amor. Baseado
na Sua justiça e no Seu caráter, e desejoso de que cada
pastor, evangelista, obreiro e missionário passem a refletir
o mesmo caráter, como cristãos autênticos, é que o bispo Macedo
escreveu a Série Caráter de Deus.

Com muita propriedade, ele fundamenta as suas
mensagens nas experiências vividas no dia a dia na Obra de
Deus, e procura levar o leitor a um profundo reconhecimento da
"justiça" humana e da excelsa justiça divina.

O que é a justiça de Deus? De que maneira ela se aplica em relação aos cristãos? Estes e outros questionamentos
são esclarecidos pelo o autor em numa linguagem simples, sempre levando o
leitor a sentir a grandiosidade do Seu amor e da Sua justiça.

Lembrando a vida dos juízes, símbolos da justiça divina entre homens nos
primeiros 300 anos da história de Israel, o Bispo Macedo destaca que eles eram ungidos para fazer
justiça e, assim, promover entre o povo judeu um caráter
disciplinado e o respeito mútuo entre os cidadãos e suas tribos.

Hoje, conforme salienta, Deus tem também os Seus juízes na Terra, os quais,
imbuídos de autoridade pelo próprio Senhor Jesus, e ungidos
pelo Espírito Santo, procuram levar aos povos a Sua justiça,
através da fé. E lembra as palavras do apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos cristãos da cidade de Corinto:

A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo
lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de
milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades
de línguas. "
1 Coríntios 12.28

Que o prezado leitor saiba aproveitar as palavras de ensino,
vida e sabedoria contidas neste livro, para o enriquecimento
de sua vida espiritual, e para que receba também as bênçãos
decorrentes da justiça divina.

Os editores

"E Eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele. Todo o povo que o ouviu a até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizados com o batismo de João."
Lucas 7.28,29

Capítulo 1

O Caráter de Deus

O Senhor Jesus, a fim de fazer com que os Seus seguidores pudessem compreender a natureza do Criador, em simples palavras lhes revelou todo o caráter de Deus:

"São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons,
todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem
maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz
que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!"
(Mateus 6.22,23).

Assim como os olhos são a lâmpada do corpo, também "O espírito
do homem é a lâmpada do SENHOR, a qual esquadrinha todo o mais
íntimo do corpo" (Provérbios 20.27). Ora, da mesma forma pela qual
o espírito do homem revela para Deus o seu íntimo, também os seus
olhos revelam exteriormente o seu caráter, o que ele
tem dentro de si.

Torna-se fácil saber o que está acontecendo com uma
pessoa quando se olha no fundo dos seus olhos. Se ela tem
alguma coisa oculta no seu interior, naturalmente procura
desviá-los, revelando inconscientemente sua preocupação. Se,
por outro lado, ela encara e não se intimida perante o outro, então os seus
olhos logo refletem a sua tranquilidade, por não estar
escondendo nada.

Aliás, apenas como curiosidade, dizem os biólogos e pesquisadores
que há uma raça de urubus que somente comem
a carniça depois que o urubu-rei, começando pela análise dos
olhos do animal morto, liberar o corpo.

Quando o Senhor Jesus ensinou aos Seus discípulos daquela maneira,
certamente queria exortá-los a tomarem todo o
cuidado possível com o seu interior, a fim de que este refletisse
no exterior a plenitude da presença de Deus.

Sim, porque não
adianta anunciarmos a Palavra de Deus ao mundo apenas
teoricamente, e vivermos uma vida diferente daquilo que
pregamos.
É preciso que tenhamos atitudes semelhantes às do
nosso Senhor, pois de que vale pregarmos a Cristo e vivermos o
anticristo?

De que vale manifestarmos amabilidade e simpatia
no púlpito, se quando descemos dele, ou saímos da Igreja,
mudamos nossas atitudes?
Não podemos ser como o camaleão, que muda de cor
conforme o ambiente em que se encontra.

Nossos olhos
retratam toda a nossa intimidade, o que está no coração, ainda
que a boca esteja calada. Eles não apenas revelam o nosso
caráter aos outros, mas também nos fazem ver as coisas de
acordo com o que temos no coração.

Observemos os olhos de Deus, na Pessoa do Seu Filho, o
Senhor Jesus, quando Ele encontrou Maria Madalena, da qual dizem ter sido prostituta.
Se os seus olhos fossem maus, certamente Ele a condenaria,
repreenderia e chamaria a sua atenção, apenas para que ela não
agisse daquela maneira. Ele, entretanto, compreendeu-a porque
olhou para ela com bons olhos, os olhos de amor, ternura e
compaixão.

Ela, a exemplo de tantos outros que têm sido vistos pelo Mestre, também possuía o lado bom, isto é, as suas qualidades. E é assim que
nós, cristãos, devemos cultivar o nosso interior: fazê-lo
se acostumar a ver as pessoas, quer sejam cristãs ou contrárias
à fé, pelo seu lado bom, com "bons olhos", para que
todo o nosso interior seja iluminado.

Se olharmos as pessoas com preconceito, é certo que,
mais cedo ou mais tarde, a nossa língua, que vive a coçar, irá se
manifestar e acabará por provocar uma inimizade com
aquela pessoa, chegando até a "vaciná-la" contra o Senhor
Jesus, em Quem nós tanto cremos.

Se os nossos olhos forem bons, por onde quer que
formos haveremos de manifestar a luz que há em nós, e todos
os que nos virem saberão que somos diferentes das demais
pessoas deste mundo, pois estaremos testemunhando de modo eficaz
a respeito d'Aquele que está em nós!

Do modo como vemos, seremos vistos; como julgarmos,
seremos julgados; se amarmos, seremos amados; se perdoarmos,
seremos perdoados; se abençoarmos, seremos abençoados!

"Mas, se a nossa injustiça traz a lume a justiça de Deus, que diremos?
Porventura, será Deus injusto por aplicar a sua ira? (Falo como homem.)
Certo que não. Do contrário, como julgará Deus o mundo?
E, se por causa da minha mentira, fica em relevo a verdade
de Deus para a sua glória, por que sou eu ainda
condenado como pecador?" (Romanos 3.5-7).

Capítulo 2

A justiça

A justiça é a virtude moral que inspira o respeito dos
direitos de outrem, e que faz dar a cada um o que lhe pertence.
Ela revela o que é absolutamente correto, íntegro e verdadeiro, e
jamais pode se desviar, ainda que seja por uma insignificância,
quer para a direita, quer para a esquerda, pois se isto acontecer,
então, mais tarde, será verificado o quão longe da verdade se
coloca.

Se hoje, por exemplo, tomamos uma decisão de juízo e
cometemos um mínimo de injustiça, certamente amanhã
constataremos o estrago de todo o resto de justiça exercido. Quer
dizer, muitas vezes uma injustiça, por menor que seja, atingindo
uma parte, prejudica grandemente o todo.

Quando se propõe uma justiça dentro do parâmetro da perfeição
do que é direito, correto ou legal, só se pode encontrar
exclusividade de justiça perfeitamente justa e imparcial no
próprio Deus, que é a personificação da justiça.

De fato, se o ser humano desejar encontrar uma definição
própria para o Senhor, quer seja pelo Seu caráter, mostrado
pelas Suas ações desde a criação do mundo até o Apocalipse,
quer pelas próprias experiências com Ele, sem dúvida
alguma começará pela Sua justiça.

O ABUSO HUMANO

O ser humano em muito tem abusado do amor de
Deus, da Sua paciência e da Sua compaixão, e talvez por isso mesmo
tem omitido a mensagem do Evangelho, negando a fé total no
Senhor Jesus Cristo e se afastando de Deus.

Creio que, no fundo, as pessoas acreditam que a misericórdia
divina abafará todos os seus erros e pecados. Acham que Deus não terá
coragem de lançar os filhos desobedientes no lago de fogo.

Apoiando-se nas Suas misericórdias, esquecem
que Ele, antes de ser amor, misericórdia, bondade etc., é justiça; e por força
da própria justiça ficará impedido de justificar a todos. Até
porque Ele não poderá permitir que o injusto receba o mesmo tratamento
que o justo; que aqueles que deram a vida por
causa da fé cristã vivam a eternidade com aqueles que lhes
tiraram a vida.

Bem, o certo é que aqueles que pensam dessa forma
desconhecem a Palavra de Deus, que afirma:
"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo"
(Romanos 14.17).

Quer dizer: a paz e a alegria não poderiam existir no Reino
de Deus sem que houvesse a justiça, pois aquelas dependem
diretamente desta.

A JUSTIÇA DE DEUS REJEITADA PELOS JUDEUS

O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos da cidade
de Roma, deixou uma questão bem clara:

"Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica a Deus
a favor deles são para que sejam salvos. Porque lhes dou testemunho de que
eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento. Porquanto,
desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua
própria, não se sujeitaram à que vem de Deus. Porque o fim da lei
é Cristo, para justiça de todo aquele que crê."
Romanos 10.1-4

Ora, o que significa isto senão que os judeus, desconhecendo a justiça de
Deus, muito embora com muito zelo e cuidado, têm procurado guardar
toda a Lei que Moisés lhes deu, sem conseguirem
cumpri-la toda.

Eles perderam a visão dos propósitos de Deus
com respeito à justificação pela fé no Senhor Jesus Cristo,
pois está escrito: "Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele;
mas o justo viverá pela sua fé" (Habacuque 2.4). E ainda:

"E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de
Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas:
Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá”
(Gálatas 3.11,12).

Mas, pergunto eu, qual foi o judeu que, durante toda a
sua carreira aqui na Terra, conseguiu cumprir toda a Lei? É certo
que se alguém conseguisse cumprir todos os preceitos
da Lei, mas falhasse em apenas um, já não seria justificado diante de Deus.

Esta é a principal razão
pela qual o Senhor Jesus veio ao mundo, a fim de que cumprisse
toda a Lei e assim pudesse servir como Salvador da
humanidade, conforme está escrito:

"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
Ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado em madeiro), para que a bênção de
Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé,
o Espírito prometido."
Gálatas 3.13,14

Os judeus sinceros querem ser justificados diante de
Deus, mas cometem um grave erro, porque desejam isto pela
obediência à sua lei religiosa, esquecendo-se de que, mediante a Lei ninguém
foi, é ou será justificado.
Como exemplo, temos o próprio pai da nação de Israel:

"E se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e
isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus."
Tiago 2.23

Diante do exposto, há que se perguntar: quais foram,
então, os propósitos da Lei? Ora, ela serviu de freio para os
pecados mais grosseiros, conforme o apóstolo Paulo
explicou na sua primeira carta a Timóteo:

"Tendo em vista que não se promulga lei para quem é
justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e
pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas,
impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e
para tudo quanto se opõe à sã doutrina."
1 Timóteo 1.9,10

A lei também mostra o pecado de todos os homens,
como está escrito:
"Visto que ninguém será justificado diante d'Ele por
obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento
do pecado"
(Romanos 3.20).

Além de tudo, a Lei é uma clara demonstração da
justiça de Deus para com os homens, servindo como base dos
próprios códigos de Direito adotados pela raça humana.

Infelizmente, o mesmo espírito judeu tem-se aplicado
também àqueles que se consideram cristãos e não o são,
pois absorvem mais os mandamentos e preceitos humanos do
que propriamente a Palavra de Deus. Estão mais
preocupados com o zelo de suas tradições religiosas do que em
abraçar a pureza da fé no Senhor Jesus e nas Suas promessas.

Por isso mesmo tais pessoas não se opõem a qualquer imposição
sacrificial ou penitência, por acharem que essas práticas trazem
a justiça ou méritos da parte de Deus para com elas. Acreditam
mais em suas obras de caridade do que na Sua graça pela fé.

Tudo isso é compreensível, pois que lhes tem sido negado
o conhecimento da Verdade,
através das Escrituras Sagradas.
E as lideranças religiosas estão fazendo questão disso, porque assim
sendo podem controlar suas mentes, para
fazerem aquilo que desejam os seus maus instintos cobiçosos.

Haja vista que enquanto as pessoas leigas desconhecerem as verdades
eternas, elas continuarão comprando toda sorte de quinquilharias
religiosas, enchendo assim os bolsos daqueles que lhes impõem
filosofias baratas.
Uma ocasião o Senhor Jesus propôs uma parábola
para pessoas deste jaez, ou seja, desta espécie:

"Propôs também esta parábola a alguns que confiavam
em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros:
Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um
fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si
para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças Te dou porque
não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros,
nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e
dou o dízimo de tudo quanto ganho.
O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem
ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó
Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu
justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se
exalta será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado. "
Lucas 18.9-14

Tal parábola surte o efeito esperado para o que se
propõe este estudo sobre a justiça de Deus, pela fé, e a justiça
humana, pelas obrigações religiosas.
O publicano, isto é, coletor de impostos, representa a justiça
de Deus pela fé, pura e simplesmente; o fariseu,
que era um religioso erudito, praticante da Lei e, aos seus próprios olhos,
justificado pelos seus próprios esforços religiosos apresenta-se
como merecedor de todas as bênçãos de Deus, através de suas
caridades.

Este representa uma determinada classe de
hipócritas religiosos, que arregalavam os olhos para as suas
próprias supostas perfeições, mas que só tinham pensamentos contrários
à misericórdia e à graça de Deus, através da fé no Salvador,
Jesus Cristo.

Capítulo 3
A justiça de Deus



Se pudéssemos registrar em ordem cronológica as atribuições ou
qualificações de Deus, certamente teríamos de considerar, em
primeiro lugar, Deus, o Senhor da Justiça. A própria Escritura
aponta a base do Seu Trono de:
Justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça
e verdade Te precedem” (Salmos 89.14).

Todo aquele que leu ou lê a Bíblia Sagrada, de Gênesis a
Apocalipse, pode sentir a maneira pela qual Deus faz o Seu
julgamento, ou seja, como Ele opera nas Suas ações e reações
para com a Sua criatura, e em tudo isso pode-se constatar um
Senhor perfeitamente justo na Sua maneira de ser e agir.

Ele é um Deus justo e, por isso mesmo, odeia a injustiça,
assim também como nós a odiamos. Aliás, no plano amoroso de
Deus, acreditamos ser esta a razão principal por que muitos têm
a oportunidade de serem salvos.
Devido ao fato de Deus odiar a
injustiça, e de ter fome e sede de justiça, o Senhor Jesus disse:
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão fartos " (Mateus 5.6).
Somente aqueles que têm o caráter voltado à justiça é
que são fartos, e esta fartura é exatamente a salvação pela fé no
Senhor Jesus Cristo.

A JUSTIÇA DE DEUS ATRAVÉS DOS TEMPOS

Deus é justo, e é isto que o povo de Israel
compreendia como a Sua maior diferença em relação aos falsos
deuses dos outros povos.
E Ele sempre usou homens cheios de fé, tementes e
corretos no seu caráter, para manifestar a Sua justiça para com
eles.

Depois da morte de Josué, durante os primeiros 300 anos
em Israel, Deus suscitou cerca de 13 juízes para julgarem o Seu
povo, porque "Naqueles dias, não havia rei em Israel: cada um
fazia o que achava mais reto" (Juízes 21.25).

Estes juízes eram ungidos para fazer justiça e, assim,
promover entre o povo judeu um caráter disciplinado e o respeito
mútuo entre os cidadãos e suas tribos, com a finalidade de
encaminhá-los a Deus. Aqui vemos uma característica
importante da verdadeira justiça: a aplicação de uma disciplina
que reflita o caráter divino.

Depois vieram os reis que, também ungidos, eram
considerados juízes de toda a nação de Israel. Dentre eles se
destaca Davi, um homem “segundo o coração de
Deus” (Atos 13.22).

Hoje, Deus tem também os Seus juízes na Terra, os quais,
imbuídos de autoridade pelo próprio Senhor Jesus,
e ungidos pelo Espírito Santo, procuram levar aos povos a Sua justiça,
através da fé, de acordo com a Palavra de Deus.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos da cidade de Corinto,
explicou de que maneira o Senhor agiu, com vistas à
implantação do Seu Reino entre os homens:

A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em
segundo lugar profetas; em terceiro lugar, mestres; depois operadores
de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos,
variedades de línguas” (1 Coríntios 12.28).

COMO SE APLICA A JUSTIÇA DE DEUS NO CRISTÃO

Este é um dos pontos mais controvertidos na vida cristã,
não porque Deus Se mantenha omisso em relação às injustiças promovidas
contra o Seu povo, por parte dos não cristãos ou dos próprios
cristãos, absolutamente.

A verdade é que ao se ver
injustiçado, o cristão, se ele não tem o caráter de Cristo,
logo procura, pelos seus próprios meios ou recursos,
tomar atitudes concernentes ao seu próprio caráter, isto é,
defendendo-se “com unhas e dentes”, observando sua própria
justiça, ou, pior ainda, pagando a injustiça com a injustiça. Ora,
o Senhor Jesus nos ensinou:

"Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na
face direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar
contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te
obrigar a andar uma milha, vai com ele duas" (Mateus 5.39-41).

E o que significa isto senão que devemos compreender
as injustiças, uma vez que é nelas, e por meio delas, que sofremos
e somos provados? Se desejamos conhecer o caráter verdadeiro
de uma pessoa, devemos lhe observar, cuidadosamente, nos
momentos da provação. O rei Davi disse:

Fira-me o justo, será isso mercê; repreenda-me, será
como óleo sobre a minha cabeça, a qual não há de rejeitá-lo.
Continuarei a orar enquanto os perversos praticam maldade”
(Salmos 141.5).

Se quisermos ter um caráter de acordo com o de Davi,
o homem segundo o coração de Deus”, então aprendamos esta
lição: a nossa causa esteve, está e sempre estará diante
dos olhos do Deus Justo.

Se alguém cometer alguma injustiça conosco, por mais
cruel que ela seja, devemos confiar no nosso Justo Juiz, que mais
cedo ou mais tarde fará com que a injustiça cometida contra
nós se torne em justiça, e esta dará a vez ao gozo e à alegria de
termos passado na provação.

Portanto, jamais devemos nos defender com nossas
próprias forças mediante qualquer ofensa; pelo contrário:
devemos nos humilhar, confiando que o Justo Juiz defenderá a
nossa causa e nos dará a vitória.

Se procurarmos nos defender,
não só estaremos deixando de lado o nosso Justo Juiz, mas
também incorreremos no grande erro de manifestar o velho
homem, corrupto e destinado ao fracasso total na vida cristã.

Para o homem natural, é impossível ceder às injustiças
cometidas contra ele, e até existem aqueles que afirmam
categoricamente: "Pelos meus direitos eu vou até as últimas
consequências."

É por isso mesmo que os cemitérios estão
cheios! Quantos não perderam suas vidas defendendo
seus direitos?
O Senhor Jesus disse:
"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas
e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus"
(Mateus 5.20).

Ora, não é a nossa justiça a própria justiça de Deus?
Não é o caráter divino que tem que fluir através de nós? Não
somos o bom perfume de Cristo (2 Coríntios 2.15)?
A luz do mundo (Mateus 5.14)? O sal da terra (Mateus 5.13?

Então, como poderemos nos permitir perder a chance de fazer
exercer em muito a justiça que vem do Senhor, diante dos escribas
e fariseus?
Sabemos de muitos cristãos, e até ministros de Deus,
cujas, vidas jamais podem expressar o caráter do Senhor Jesus
Cristo.

Isto porque jamais admitem perder, e não podendo
agredir fisicamente quem os ofendeu, então o fazem com a
língua; não podendo fazer pessoalmente, fazem pelas
costas, criando assim animosidade na própria igreja. Para
estes está escrito:

"Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo
se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;
e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito
a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará
sujeito ao inferno de fogo"
(Mateus 5.22).

Finalmente, aprendamos que “...a justiça de Deus se revela
no evangelho, de fé em fé, como está escrito:
0 justo viverá por fé”
(Romanos 1.17),
e “todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não
se compraz a Minha alma”
(Hebreus 10.38).

Capítulo 4
A verdade



A verdade é a conformidade com o que é real ou exato.
Biblicamente, o Senhor Jesus é a personificação da verdade,
conforme Ele mesmo se autodefiniu:
...Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem
ao Pai senão por Mim”
(João 14.6).

A verdade jamais pode ser escondida. Nem o tempo
consegue encobri-la; é semelhante ao óleo na água: está sempre em
destaque, não se mistura. Por um breve período de
tempo, pode até acontecer que a verdade pareça ter
a mesma substância de outros elementos nos
quais esteja inserida; entretanto, mais cedo ou mais tarde,
flutua, assume a sua posição e aparece.

O próprio Senhor Jesus
afirmou:
"...nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem
oculto, que não venha a ser conhecido"
(Mateus 10.26).
Assim é a verdade. Uma vez conhecida, não admite meio
termo. Não existem meias verdades. Há até quem concorde que a
chamada “meia verdade” muitas vezes é pior do que a mentira.

Todo pecado está fundamentado na
omissão da verdade. Normalmente, ao cometer um pecado, a
pessoa de antemão já preparou uma mentira, a fim de escondê-lo.
Por isso mesmo, o Senhor Jesus nos fez uma séria
advertência, quando repreendeu os judeus dizendo:

Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe
os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se
firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele
profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso
e pai da mentira”
(João 8.44).

Ora, se o cristão tem o caráter de Deus, então a sua
palavra é como a do seu Deus, isto é, a verdade. Mas se o cristão
anda na mentira, então já não tem o caráter divino,
mas diabólico, uma vez que satisfaz aos desejos de seu pai,
que é o diabo.

A verdade é como Deus: provém d'Ele e está no Seu
caráter. Eis, então, a razão pela qual muitas vezes o
Senhor Jesus usou a expressão "em verdade, em verdade vos
digo".

Por outro lado, a mentira é como o diabo: provém
dele e está
no seu caráter. Eis o motivo por que a humanidade vive na
mentira, satisfazendo assim ao seu imperador da mentira. O
Espírito Santo declara:

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e
perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”
(Romanos 1.18).

"Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando
e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito
eternamente. Amém!"
(Romanos 1.25).

A verdade é também a base da armadura que Deus nos tem
outorgado, a fim de vencermos os principados e as potestades
espirituais do mal. Ela é a firmeza do caráter divino, onde estão
assentados todos os demais componentes da armadura completa
de Deus, conforme Efésios 6.14:
Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos
da couraça da justiça.”

O Senhor Jesus disse:
"Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto
passar vem do maligno"
(Mateus 5.37).
Naturalmente, neste conselho está o âmago de uma
atitude cristã genuína, pois há uma definição do
comportamento do seguidor do Senhor Jesus Cristo.

É óbvio
que num mundo incrivelmente injusto, onde se procura
aparentar algo que realmente não se é, a hipocrisia tem-se alastrado
até mesmo dentro da Igreja, haja vista que as pessoas
estão buscando a qualquer preço assumir posições de destaque,
sem se preocuparem com a vida espiritual.

Por isso,
fingem, mentem, enganam, dizem “meias verdades”, enfim,
estão sempre procurando uma maneira incorreta para alcançar
seus objetivos.
Até parecem aqueles estudantes que não se importam
com os meios para passarem a um grau superior: desde que
consigam, não se importam em "colar".

Infelizmente, tenho visto candidatos a obreiros e a
pastores se apresentarem com o ar mais sonso possível,
aparentando santidade, mas com o íntimo cheios de engano.

Pensam eles que o santo ministério é feito à base de engodo. E o
líder espiritual, por ser uma pessoa semelhante a qualquer
outra, pode facilmente se enganar e permitir que isso
aconteça; entretanto, mais cedo ou mais tarde toda a
maledicência, engano e mentira aparecerão.

Afinal, o próprio
Senhor já determinou:
"...nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto,
que não venha a ser conhecido" (Mateus 10.26).
Portanto, segamos a Verdade, porque nela está a justiça de
Deus!

Fim

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